Nas últimas décadas muitas coisas influenciaram a Educação. Uma delas foi a emancipação da mulher, antes maior responsável pela criação, cuidados e educação dos filhos. Hoje, a mulher deixa a sua casa e disputa, de igual para igual com o homem, o seu espaço no mercado de trabalho. As meninas já não brincam só de bonecas e casinhas, as moças não sonham só com um príncipe encantado, elas querem igualdade de deveres e direitos.
Com toda essa reviravolta, para quem fica a responsabilidade de educar? Para a escola? Sim. A escola vem assumindo papéis antes destinados à mulher e ao seio familiar. E, talvez por esse acréscimo nas suas obrigações, não esteja acompanhando o avanço social e não esteja cumprindo com o que pais e sociedade esperam dela: a completa formação do ser humano e cidadão.
Como profissional o professor tem o dever de apresentar seu produto (aluno-cidadão) da forma que o cliente (pais e sociedade) desejam. Sempre foi assim: a escola forma pessoas nos moldes esperados pela sociedade. Por isso passamos por escolas tecnicistas, bancárias, renovadoras, tradicionais, construtivistas etc, dependendo do momento vivido pelo país ou pelo mundo.
Precisamos reconstruir uma nova escola resultante da fusão entre a escola antiga e a atual, capaz de formar mentes pensantes, com conteúdo e voltada para formação profissional e desenvolvimento do homem enquanto ser afetivo, emocional, religioso etc.
Baseado nessa realidade ocorre que há a necessidade de um novo profissional da Educação. Um profissional que esteja preparado para propiciar a seus pupilos as mais variadas situações que lhes permitam desenvolver suas competências e habilidades da forma mais perfeita possível, garantindo sua formação completa. Assim, a relação professor-aluno se torna tema fundamental de discussão nas reuniões de planejamento, nas escolas, nas universidades e em todos os lugares onde se debata melhoria da Educação.
Conforme CURY (2003) os professores precisam deixar de serem bons e se tornarem fascinantes para que suas aulas e conteúdos façam sentido e possam ser assimilados por seus alunos. Diz também que são sete os pecados capitais dos professores:
- Corrigir publicamente
- Expressar autoridade com agressividade
- Ser excessivamente crítico, obstruindo a infância da criança
- Punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações
- Ser impaciente e desistir de educar
- Não cumprir com a palavra
- Destruir a esperança e os sonhos
Para FURLANI (1995), as características afetivas, culturais e de personalidade do professor se problematizam, originando modelos através dos quais ele se situa em relação ao aluno:
·Modelos autoritários
Ausência total de diálogo. O professor é aquele que sabe, que ensina, que fala, que informa, que transmite os conhecimentos para o aluno, que é passivo, um mero recebedor de conteúdos;
·Modelos permissivos
Total liberdade de expressão. Os alunos são ouvidos e observados, mas não há imposição de limites, um direcionamento dado pelo professor, uma vez que faltam objetivos educacionais mínimos estipulados em planejamento para serem atingidos;
·Modelos democráticos
O meio-termo entre os modelos permissivos e os autoritários. Aqui há a existência do diálogo, o conhecimento é desenvolvido, elaborado e reelaborado a partir da interação entre o professor e o aluno, tendo por base suas experiências.
Para FURLANI (1995) o modelo democrático ainda é uma utopia, ainda encontra obstáculos para ser implantado nas escolas, pois a própria sociedade brasileira é cheia de modelos permissivos e autoritários que influenciam a vivência dos alunos.
A realidade é que o mundo e a educação do tempo de nossos pais e avós não são mais possíveis de serem revividos. Porém, como diz CHALITA (2003), os valores do amor, da amizade, do idealismo, da coragem, da esperança, do trabalho, da humildade, da sabedoria, do respeito e da solidariedade precisam ser resgatados, ensinados, apropriados por todos que gostariam de, um dia, voltar aos tempos de infância.
Como relata BOFF (1999), há um descaso pela vida das crianças, pelo destino dos pobres e marginalizados, pelos desempregados e aposentados, um descuido e abandono dos sonhos de generosidade, da sociabilidade, um descaso pela dimensão espiritual do ser humano, pela coisa pública, pela vida, pela Terra ... enfim, há que haver uma nova aliança de paz entre o homem e todas as demais espécies da Terra na expectativa de salvarmos a nós mesmos e a nossa casa.
No entanto, neste mundo globalizado, onde cada um luta por si, para sobreviver, os valores vão sendo, pouco a pouco, esquecidos e a vida virando um caos. Precisamos, de acordo com CHALITA (2003), deixar que a fantasia e a energia da criança interior de cada um de nós esteja sempre presente, ajudando-nos – pais e professores – a formar, informar, transmitir saberes e afeto para que não deixemos de ser humanos, capazes de sentir, de cuidar, de amar.
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